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domingo, 10 de agosto de 2014

Silval Barbosa e o lendário "Rambo do Pará"


As pessoas que conhecem a fundo a história do misterioso enriquecimento do governador Silval Barbosa (antes mesmo de entrar na política) afiançam que tudo começou com a morte do perigosíssimo Márcio Martins, o "Rambo do Pará" (numa raríssima foto da década de 90 em entrevista à revista VEJA), após um cerco da polícia paraense ao seu "bunker" no garimpo Castelo de Sonhos", no início dos anos noventa onde foi executado com um tiro de escopeta no rosto. Rambo possuia uma frota de aeronaves, entre elas helicópteros usados em invasões a garimpos. Em Mato Grosso ficou preso por menos de uma semana no primeiro batalhão da PM, no Porto, de onde saiu pelo portão da frente após subornar autoridades policiais e governo da época com mais de 10 quilos de ouro, conforme denúncias. Crime cometido: invadiu um garimpo no Norte do Estado usando helicóptero e metralhadoras. Levantamentos feitos por policiais no local constataram cerca de 20 garimpeiros mortos, além de outras dezenas de desaparecidos. Nessa época, conforme revelações feitas em 2006, o então candidato a vice-governador na chapa de Blairo Maggi, o deputado e ex-presidente da AL-MT Silval Barbosa, era o braço direito de "Rambo" e passou a administrar toda fortuna deixada após sua morte. A ausência dos familiares à frente dos negócios (aviação, fazendas, postos de gasolina, entre outros) decorria do medo de terem o mesmo fim de Márcio Martins. Garantem os mais antigos, que Silval conheceu "Rambo" quando trabalhava como  segurança numa famosa boate  (SARAMANDAIA) em Alta Floresta (nortão MT), onde mais de 300 mulheres alegravam garimpeiros no auge da extração de ouro em Mato Grosso, na década de 80.

APELIDADO  "RAMBO" APÓS EXECUTAR 5 GARIMPEIROS E PULAR SOBRE OS CADÁVERES
   Márcio Martins da Costa, o  “Rambo do Pará”, chegou preso em Cuiabá após invadir o “Garimpo Trairão”, ao norte de Mato Grosso, onde a PM encontrou  na época os corpos de 16 garimpeiros executados com tiros a queima roupa e foi informada por sobreviventes que dezenas de outros  foram jogados de helicópteros  na mata e não tiveram seus corpos  localizados. Segundo relatos do pioneiro minerador Léo Heck, conhecido como “Onça Branca” (um dos poucos a enfrentar Rambo cara a cara e permanecer vivo), em 1989 chegou ao Vale da Esperança, no Pará,  o mineiro Márcio Martins da Costa, aos 23 anos, num avião em sociedade com outro piloto, era tudo o que tinha de patrimônio, US$10mil. Começou a transportar garimpeiros, ganhou muito dinheiro, até concretizar sua primeira invasão, quando irrompeu no “Garimpo Esperança IV” a bordo de um helicóptero disparando duas submetralhadoras americanas Ingram, abatendo cinco garimpeiros, empilhando seus cadáveres e pulando sobre eles, foi o suficiente para surgir a fama de Márcio, o “Rambo do Pará”. O novo dono do pedaço exigiu como tributo de cada dono de draga do “Garimpo Esperança IV” apenas 90 g de ouro, o que lhe rendeu US$320mil com que pagou os custos da operação belicosa, como transporte, homens, e as armas vindas de Miami. Depois disso impôs a sua ordem e o seu comércio. Criou mineradora, empresa de aviação, lojas de equipamentos para garimpeiros, ou compra de ouro, postos de gasolina, da bandeira Shell, e outros bens e serviços. O óleo diesel no Vale da Esperança era revendido ao preço 130% maior que na região, o que lhe rendia 5,5 kg/ouro/mês; A hora de vôo era de 25 gramas/ouro, mas Márcio cobrava 80 gramas; Se no vilarejo de Castelo dos Sonhos um botijão de gás custava o equivalente a 0,6 grama, na mão do Márcio valiam 3 gramas, o que lhe dava 0,460/ouro/mês; A mesma lógica comercial para os remédios, como contra a malária, que custavam 0,3 gramas/ouro e eram vendidos pelo dobro. A doença, que acometia metade dos garimpeiros uma ou duas vezes ao ano, consumiam 10 gramas de ouro a cada tratamento; Luxos como quatro latinhas de cerveja custavam 1 grama, e uma garrafa de água mineral 0,20 grama.

FORTUNA INCALCULÁVEL E MAIS DE 300 CADÁVERES

Márcio Martins em três anos amealhou um patrimônio de 17 aviões, sendo um deles avaliado em US$600mil, 05 caminhões, 06 postos de combustíveis e outros bens não contabilizados como milhares de hectares de terras e centenas de quilos de ouro por que arrecadava por baixo 80 kg de ouro por mês nos seus três garimpos. Montou uma rede de rádios-amadores na região MT/PA e contava com um grupo armado de 60 homens que controlavam 2.000 garimpeiros. As mortes debitadas a Márcio Martins começaram em 02/09/1989, quando pulou do helicóptero com as submetralhadoras, executando cinco homens, e, incontinenti, invadindo “Castelo dos Sonhos” e fazendo tombar mais quatro. Depois disso, contou-se 300 cadáveres debitados em seu nome até fechar o inventário com os três mortos na invasão do “Garimpo do Aquino”, em 09/01/1992. Ao final do mês de janeiro de 1992 chegaria ao fim a crônica do “Rambo do Pará”. 

MORTE VIOLENTA DE SENADOR ACELEROU QUEDA DE "RAMBO"

Além do comércio que girava ao redor do ouro, o grupo começou a trabalhar com cocaína, refinando no Vale da Esperança (PA) o produto vindo de Rondônia e o transportando para o mercado consumidor paulista. Um dos seus mecânicos de aviões, Cézar Luís Camargo, relatou que Márcio possuía dois laboratórios de refino em sociedade com o deputado federal de Rondônia Jabes Rabelo, que teve o irmão Abidiel preso ao transportar 500 kg de cocaína em São Paulo, e o assombro, portando uma carteira funcional do Congresso. A queda de RAMBO começou a partir do momento que o Palácio do Planalto, em Brasília, passou a se inquietar com a "colombialização" de Rondônia, e o sul do Pará estava no mesmo caminho, como reduto de banditismo, fugitivos, bandos armados, tráfico de drogas e armas, e o pior, os aviões desciam no garimpo para carregar ouro para gabinetes refrigerados que detinham o poder, em Belém ou Brasília. O próprio Márcio reclamava disso, e dizia que as propinas para autoridades estavam pesando no seu orçamento. Ocorreu que durante a campanha eleitoral para governador de Rondônia, o senador Olavo Pires foi executado por um dos pistoleiros de Márcio, chamado “Polaquinho”. Aparentemente, o senador deu um baile no negócio de drogas do outro sócio, o deputado Rabelo, por que a polícia paulista apreendeu seu avião transportando 50 kg de cocaína, e o combinado entre eles era de transportar apenas 5 kg. Temendo serem passados prá trás, acabou que a morte do senador foi tramada numa das fazendas do Vale da Esperança. O acerto foi presenciado pelo mecânico Cézar, que também apontou conexão com o governador Barbalho porque quando ministro visitara a sede do grupo da família Rabelo em Porto Velho. 

****A EXECUÇÃO*** 

O governador do Pará Jader Barbalho ( apontado como amigo e sócio em algumas empresas de "Rambo") foi cobrado pelo ministro da Justiça Jarbas Passarinho pela falta de ordem no Pará. Sem poder evitar, Barbalho deu a ordem e a PM agiu. Dois helicópteros circularam a sede de uma fazenda de Márcio Martins da Costa, que não se importou porque lhe disseram que o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral faria um serviço de geologia por perto. Mas as máquinas desceram na fazenda e dela pularam uma dúzia de pés-pretos com uniformes e equipamentos de combate. Os capangas fugiram pelo mato e Márcio se escondeu numa das paredes falsas da casa e lá permaneceu por 18 horas bebendo água mineral e comendo rapadura. A PM vasculhou todos os arredores até escurecer. No dia seguinte, se ouviu o som dos helicópteros decolando. Quando a porta falsa do esconderijo se abriu e dela emergiu um rapaz com os membros entorpecidos pela imobilidade de uma noite inteira. Ao virar os olhos pela sala o temível “Rambo do Pará” levou um tiro de escopeta no rosto e enquanto seu corpo caía outro tiro estourou seu coração, antes de tocar o solo dezenas de gramas de chumbo acabaram rasgando seu corpo. A PM cumprira a missão. A região sul do Pará estava pacificada.

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