ELY SANTANTONIO
DELATOR ENTREGA EMPRESÁRIOS CRIMINOSOS - A delação do empresário Giovani Belatto Guizardi, feita em depoimento ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) relativo à Operação Rêmora, que apura desvio de recursos na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), apontou que o pagamento de propinas dava prioridade às empresas nos recebimentos de recursos por obras realizadas. Para fazer a ‘cobrança’ do dinheiro, os integrantes da organização criminosa investigada na consultavam os dados contidos no Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan). Nele são inseridos todos os gastos e pagamentos feitos pelo Governo do Estado para dar transparência aos processos. De acordo com o depoimento, quem aceitava a proposta de propina e cumpria o pagamento do percentual estipulado em 5%, tinha a garantia do recebimento das demais parcelas. Quem aceitava a proposta e não cumpria o pagamento, tinha os pagamentos futuros suspensos, até que a propina fosse regularizada. Quem não aceitasse a proposta, recebia os valores devidos mas não tinha prioridade no recebimento. Os empresários que concordavam em pagar, a organização garantia, com agilidade, o empenho dos recursos para pagamento. Guizardi revelou que acessava diariamente o Fiplan, para saber qual empresas tinham recebido recursos da Seduc para promover a cobrança da propina. Diversos empresários disseram no curso das investigações que tinham empenhos travados na Secretaria de Educação justamente por não concordarem em pagar propina. Ele revelou que esta função foi compartilhada com Edézio Ferreira da Silva, que também era o responsável por manter o “caixa da propina” registrado em um pendrive. Edézio denunciou ao Gaeco que alugou a sala no edíficio Avant Garden, no bairro Santa Rosa, a pedido de Guizardi, mas negou ter participado de reuniões com servidores da Seduc e que sequer tinha conhecimento de que o local era usado como "escritório do crime". Integravam o “núcleo dos empresários”, segundo o delator, Luiz Fernando da Costa Rondon (Luma Construtora), Leonardo Guimarães Rodrigues (JER Engenharia Elétrica e Civil Ltda), Ésper Haddad Neto (Construtora Panamericana), Moisés Feltrin (Tirante Construtora e Consultoria Ltda), Joel de Barros Fagundes Filho (Esteio Construções Ltda), José Eduardo Nascimento da Silva (Ápice Construtora e Incorporadora Imobiliária), Alexandre da Costa Rondon (Luma Construtora) e Luiz Carlos Ioris (Poli Engenharia e Comércio Ltda). Também faziam parte do núcleo, segundo Guizardi, Celso Cunha Ferraz (Ampla Engenharia e Construções Ltda), Clarice Maria da Rocha (Construtora Rocha Ltda), Éder Alberto Francisco Meciano (Geotop Construções e Terraplanagem Ltda), Dilermano Sergio Chaves (E-Tag Construções e Comércio Ltda), Flávio Geraldo de Azevedo (Anamil Construções Ltda), Julio Hiroshi Yamamoto Filho (Apolus Engenharia Ltda), Sylvio Piva (São Benedito Construção Civil Ltda), Mario Lourenço Salen (Sanepav Saneamento e Pavimentação EPP), Leonardo Botelho Leite (Insaat Construtora) e Benedito Sérgio Assunção Santos (E-Tag Construções e Comércio Ltda). SEU LUGAR É NA CADEIA - O Ministério Público Estadual (MPE) decidiu voltar atrás no parecer que pedia a revogação da prisão preventiva decretada contra o ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, na 4ª fase da Operação Sodoma. No início de novembro, o promotor de Justiça Wesley Lacerda opinou por substituir a prisão por medidas cautelares, como a tornozeleira eletrônica. Porém, na sessão realizada pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), na quarta-feira (07), o procurador de Justiça Domingos Sávio informou que o parecer foi retificado, sendo que agora o MPE entende que o ex-secretário era uma das peças-chave do esquema e que deve continuar preso para garantir a ordem pública. CHICO NÃO CONSEGUE SE LIVRAR DA "PICA DO SACI" - A defesa do vereador Chico 2000 (PR), preso na última terça-feira (6), de forma preventiva, por ser acusado de abusar sexualmente da enteada de 11 anos, trabalha para conseguir a liberdade do parlamentar até a próxima terça-feira (13). O advogado Hélio Passadore, que patrocina a defesa do vereador, protocolou o pedido de habeas corpus, na última quarta-feira (7), no Tribunal de Justiça. A ação a ser analisadaa partir desta sexta-feira (9) e a decisão deve ser apresentada em um prazo de cinco dias. Passadore argumenta que a prisão temporária (de 30 dias), solicitada pelo delegado Eduardo Botelho, titular da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), não teve fundamento. “Não existem outras vítimas, nem ameaça a testemunhas. Chico é um ‘cara’ tranquilo que jamais ameaçaria alguém”, defende. Para o advogado, o pedido de prisão parece mais uma cópia de outros casos que também foram investigados pela Deddica. “A prisão está embasada, apenas, na mente do delegado. Se você pegar todos os pedidos de prisão preventiva e temporária dele, os fundamentos são os mesmos. Parece que copia e cola”, ironizou. Chico 2000 (PR) teve o pedido de prisão decretado pela juíza Ana Corrêa, no domingo (4), 21 dias após ser acusado de estuprar a enteada. Porém, a Polícia Civil teria encontrado indícios de que o parlamentar esteja envolvido em outro crime de natureza sexual. O vereador, que foi considerado foragido por algumas horas, se entregou na tarde de terça-feira na Deddica e foi encaminhado para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), anexo ao antigo Presídio do Carumbé. O advogado disse que conversou com o vereador no presídio e que ele demostrava estar abatido, mas mantinha calma. “Qualquer ser humano fica constrangido,e debilitado, numa situação desta. Ele me disse que está tranquilo, aguardando uma decisão da Justiça”, destacou APÓS PERDER "BOCAS RICAS" NO GOVERNO SENADOR DISPARA CONTRA TAQUES - O senador Wellington Fagundes (PR) criticou o governador Pedro Taques (PSDB) que, de acordo com ele, age de maneira “maniqueísta”, sem escutar seus correligionários e apoiadores políticos. Fagundes lembrou que a saída de secretários “competentes” da gestão do tucano representa um declínio do governo. “Ninguém pode ser dono da razão. E esse problema nós temos no Mato Grosso porque nós temos um governador sectário. Taques logo de início disse que não governaria a sua classe política, e pediu um ano de prazo. E assim ele fez. Acreditando e imaginando que essa nova figura poderia fazer uma inovação. E já se passaram dois anos e isso não aconteceu.”, lembrou Wellington em entrevista ao programa de televisão O Livre. Fagundes citou a saída dos secretários Paulo Brustolin e Seneri Paludo da Secretaria de Fazenda como exemplos de que o governo perde o fôlego inicial. Para o senador, casos como estes demonstram que importantes figuras da administração de Taques não suportam mais permanecer em seus cargos por conta da ausência de diálogo com o governador. “Algo está errado no governo Pedro Taques. Por isso eu disse aqui a palavra ‘sectário’, ninguém pode ser sectário e, pior, maniqueísta. Porque as pessoas competentes não estão aguentando ficar. E se você for ouvir hoje a base política, os políticas que apóiam Taques dizem que não agüentam mais”, afirmou.